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Ainda há muito o que avançar na igualdade racial e de gênero

15/02/2016

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No dia 28 de janeiro, o Instituto Ethos e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo (SMPIR) lançaram uma pesquisa inédita que revela o perfil dos 200 maiores fornecedores da administração municipal. A empresas estudadas empregam 4,9 milhões de pessoas. Foi levantada a situação de mulheres, negros, pessoas com deficiência e trabalhadores com mais de 45 anos, com o objetivo de fomentar políticas de ampliação da diversidade. O perfil foi produzido com o patrocínio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Esta é a primeira vez que uma pesquisa desse tipo é realizada por uma administração municipal. Foram focados quatro eixos: o perfil dos funcionários e dirigentes, a percepção dos gestores sobre a diversidade nas empresas, as iniciativas de promoção de equidade nos cargos e o contexto geral do mercado de trabalho em São Paulo.

“Essa pesquisa é muito inovadora e serve como um diagnóstico para a formação das políticas públicas. Também ajuda no processo de reflexão sobre o que poderia fazer o setor privado e o que poderia fazer o setor público. Isso é parte de um diálogo e, para ter esse diálogo, são necessárias referências e muito conteúdo”, afirmou Judith Morrison, representante do BID.

A principal conclusão do estudo é a escassez de políticas de ampliação da diversidade nas organizações. Entre as empresas que procuram promover a igualdade em seu quadro de funcionários, 28,3% beneficiam pessoas com deficiência, 17% se voltam para as mulheres, 9,4% para as pessoas com mais de 45 anos e apenas 8% para negros. Somente 6% das entrevistadas têm medidas para ampliar a presença de afrodescendentes em diferentes níveis hierárquicos.

O estudo indica a necessidade de realização de políticas públicas localizadas para as populações vulneráveis nas áreas de esporte, cultura, educação e desenvolvimento. Essas ações devem estar acompanhadas de medidas de incentivo para o setor privado. “Nós ampliamos as oportunidades no setor público com a lei de cotas e estamos com o trabalho de chamar o setor privado. E as respostas foram positivas, com grande participação no Fórum São Paulo Diverso”, afirmou o secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial, Maurício Pestana.

O cadastramento de dados foi realizado entre 18 de março e 28 de junho de 2015. A maior parte das empresas pesquisadas pertence ao setor de serviços (60,5%) e tem faturamento de até R$ 500 milhões (53%). A maioria tem como sede a região sudeste (88%) e 96% delas têm matriz na cidade de São Paulo. Quanto ao porte, 53% têm até 1.000 funcionários.

As políticas de incentivo à diversidade estão ausentes na maior parte dos casos. Não há ações de promoção da equidade entre mulheres e homens em 83% delas. Quanto à questão racial, não existem programas especiais de contratação e capacitação em 92% das organizações. A pesquisa também constata que as mulheres negras estão em pior condição do que os homens negros. Ao mesmo tempo, a maior parte dos gestores acredita que a proporção de mulheres, negros, pessoas com mais de 45 anos e pessoas com deficiência é adequada em todos os níveis hierárquicos.

“Apenas 17% das empresas têm alguma política promoção da igualdade de gênero. Entre essas empresas, a mais adotada é a capacitação profissional. Ações para estabelecer programas especiais para a contratação e a implementação de metas para ampliar a presença de mulheres em cargos de direção são as menos adotadas. Dois dos principais problemas enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho são a divisão sexual do trabalho e a desigualdade salarial”, disse a secretária municipal Denise Motta Dau, secretária municipal de Políticas para Mulheres.

Entre as empresas que realizam alguma política afirmativa, a maior parte (70%) opta por oferecer bolsas de formação e capacitação, como incentivos para aprendizado de idiomas e a realização de cursos técnicos ou universitários. Muitas também escolhem capacitar gestores sobre o tema da diversidade e dar visibilidade a boas práticas internas de combate à discriminação e promoção dos direitos humanos. Foi também identificada uma baixa adesão a ações de diagnóstico e monitoramento da diversidade no quadro de funcionários e de iniciativas de recrutamento de grupos vulneráveis.

Mercado de trabalho
O contexto do mercado de trabalho na cidade de São Paulo foi levantado com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2013, produzida pelo Ministério do Trabalho e do Emprego. Foram observadas as empresas ligadas à construção civil, serviços, saúde e locação de mão de obra.

De acordo com os dados da RAIS, os homens brancos ocupam 47% dos cargos de diretor nesses segmentos e 44% dos postos de gerência. No nível de supervisão, homens e mulheres brancos estão em 64% das posições. Os brancos seguem como maioria no quadro de funcionários, com 29,39% dos postos para os homens e 22,8% para as mulheres, enquanto homens e mulheres negros têm respectivamente 16,66% e 11,1%. A população paulistana é formada por 52,6% de mulheres e 47,4% de homens. Quanto à raça, são 61% brancos, 37% negros, 2% orientais e 0,12% indígenas. “As empresas têm um papel essencial na promoção da igualdade”, afirmou Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos.

“Aqui nós temos o contexto das desigualdades na cidade de São Paulo pelo rendimento médio familiar. Quando a família é liderada por um homem branco, o rendimento médio é de R$ 8 mil. Para o homem negro, é duas vezes e meia menor. Para mulher branca, é R$ 5.600, e para a mulher negra é R$ 2.500 em média”, explicou o pesquisador Hélio Santos, autor do estudo juntamente com Marcilene Garcia de Souza.

Também participaram do lançamento a vice-prefeita Nádia Campeão, o secretário municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Artur Henrique, e a secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Presidência da República, Luciana Ramos.

Igualdade racial
Com a criação, em 2013, da SMPIR, a Prefeitura de São Paulo implantou uma série de políticas públicas de inclusão da população negra. Uma medida pioneira do município foi a aprovação e implementação da lei de cotas no serviço público municipal. Em 2013, foi instituída uma cota de 20% para negros nos concursos públicos. A medida já possibilitou o acesso de 1.034 servidores, sendo 15 procuradores, 23 auditores fiscais, 971 professores, 23 assistentes sociais e dois contadores.

 

Originalmente publicado no site da Prefeitura de São Paulo.

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