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A sustentabilidade na cadeia da moda

03/07/2013

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Uniethos lança, em 4/7, o estudo setorial  Sustentabilidade e Competitividade na Cadeia da Moda, que traça um retrato do setor no Brasil.

Por Paulo Itacarambi*

Não estamos falando da moda da sustentabilidade, mas de uma agenda que permita ao setor têxtil e de confecções garantir preço, qualidade, inovação, design de moda, ecoeficiência e condições dignas de trabalho em cada peça oferecida ao consumidor.

O Uniethos lança nesta quinta-feira (4/7), num evento que vai se realizar no auditório da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), o seu mais recente estudo setorial chamado Sustentabilidade e Competitividade na Cadeia da Moda.

O estudo analisa os acontecimentos que provocaram impactos e deram ao setor as características de hoje, como, por exemplo, a entrada da China da Organização Mundial do Comércio, o fim das cotas alfandegárias, o surgimento de novas tecnologias, a intensificação do processo de globalização e o aumento da renda nos países em desenvolvimento.

O estudo traça um retrato do setor no Brasil, o quinto país entre os produtores de têxteis e o quarto no setor de confecções do mundo, que atravessa uma crise definida pelos próprios empresários como sendo “a pior da história”, com níveis crescentes de importações da China, alta carga tributária, condições degradantes de trabalho ao longo da cadeia produtiva, necessidade de investimento em inovação e em novas tecnologias, custo e qualificação de mão de obra baixos e crescimento do fast fashion. Agreguem-se a esses componentes demandas mais atuais, como limitação dos recursos naturais, preço com qualidade e condições dignas de trabalho.

Como a indústria têxtil e de confecções irá repensar as questões econômicas, sociais e ambientais da cadeia para garantir a competitividade de seu negócio no mercado interno e internacional? O estudo busca responder essa pergunta, demonstrando que a sustentabilidade é a principal alternativa para restabelecer a competitividade da cadeia.

Agenda da sustentabilidade

As grandes mudanças pelas quais a indústria têxtil e de confecções está passando exigem respostas que mexam com os padrões de produção, com as relações na cadeia de suprimentos e com o mundo do trabalho. Reduzir custos e, ao mesmo tempo, estabelecer condições dignas de trabalho e relacionamento duradouro com a cadeia de valor, oferecendo ao mercado produtos inovadores e atraentes, é um exercício que só poderá ser resolvido com a aplicação de estratégias de sustentabilidade. E essas estratégias proporcionarão tanto mais competitividade às empresas quanto mais elas se disseminarem nas cadeias de valor, desde a produção de fibras até o varejo têxtil.

O estudo do Uniethos listou algumas dessas estratégias que devem fazer parte da agenda de sustentabilidade do setor. Entre elas, estão:

Uso e qualidade da água. Maior eficiência e reutilização da água na fabricação de produtos têxteis e de vestuário, no cultivo ou produção de matérias-primas e nas práticas de lavagem são estratégias importantes para a redução de custos e preservação de um recurso crítico para a manutenção da atividade em longo prazo.

– Uso de energia e emissão de gases de efeito estufa. Empresas que desenvolverem maior eficiência no consumo de energia e no controle de emissões de GEE no processo de produção, transporte e distribuição terão maior capacidade de se adaptar a futuros padrões de produção.

– Uso de químicos e geração de resíduos. Empresas que se adiantarem nas estratégias de uso de químicos potencialmente perigosos e de destinação de resíduos estarão diminuindo seus custos, reduzindo riscos de não cumprimento da legislação e se aproximando das novas tendências de consumo.

– Condições de trabalho. Quase todas as etapas de produção da cadeia têxtil e de confecções fazem uso intensivo de mão de obra. Esses trabalhadores e trabalhadoras precisam ser valorizados, recebendo qualificação e realizando suas tarefas em locais seguros, em condições justas, sem discriminação, em empresas que investem em desenvolvimento humano e tendem a ser ambientes criativos e inovadores. Na área de confecções, em que a maior parte do trabalho é executada por mulheres, é preciso garantir que problemas como assédio sejam abolidos e que a maternidade seja protegida.

– Novos produtos. Produtos baseados em atributos de durabilidade e reciclagem e que expressem os valores da sustentabilidade na moda e no design tendem a ser cada vez mais valorizados, e empresas que os desenvolvam de acordo com essas tendências deverão usufruir de grandes oportunidades de mercado. Mas, para chegar a esses produtos, é preciso desenvolver novos modelos de negócios e também novas configurações de cadeia de valor, com estratégias voltadas para o longo prazo e relações comerciais mais estáveis entre empresas e fornecedores, que garantam investimentos em novas tecnologias e qualificação profissional contínua.

Papel dos governos

Os governos têm um papel importante na construção de uma agenda de sustentabilidade para o setor têxtil e de confecções. Mudanças nas políticas tributária, trabalhista e de comércio exterior são essenciais, assim como políticas de estímulo à inovação, investimentos em pesquisa e desenvolvimento e políticas de qualificação profissional são necessárias para criar ambientes de negócios mais favoráveis e para que as empresas brasileiras possam ampliar sua capacidade competitiva.

Finalizando, a construção de uma agenda de sustentabilidade nessa indústria não é tarefa para um só ator. Ela só será viável com a participação das empresas, dos governos, das universidades, das entidades associativas e de outras organizações. Cada um desses entes tem um papel específico, mas deve buscar cooperação com a agenda nacional e com agendas regionais.

* Paulo Itacarambi é vice-presidente executivo do Instituto Ethos.

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