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Ações de Dória e Alckmin na Cracolândia são alvos de críticas

25/05/2017

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Rede Nossa São Paulo emitiu nota sobre o ocorrido e pede intervenção do Ministério Público

Desde o último domingo (20), a Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado de São Paulo têm realizado “intervenções” na região central da cidade conhecida como Cracolândia em diversas ações truculentas e sem o objetivo de acolher e oferecer outras possibilidades os usuários que ali residem.

A ação teve a participação de  400 homens entre policiais e funcionários da prefeitura. A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social não foi envolvida na tomada e execução das decisões, evidenciando um desinteresse da prefeitura em proporcionar novos caminhos para os usuários.

Um total de 24 pessoas foram presas e os usuários de drogas ilícitas encaminhados a um centro de acolhida, onde tiveram que dormir no chão. Outros, expulsos da região onde estavam, passaram a se concentrar em outras partes da cidade, como na Praça Princesa Isabel. Um dos desdobramentos da questão foi a ocupação da Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura Municipal de São Paulo na tarde de ontem (24) e à noite, a secretária Patrícia Bezerra pediu exoneração do cargo e chamou a ação na Cracolândia de desastrosa.

Sobre as ações, a Rede Nossa São Paulo, publicou uma nota de repúdio, em especial referente a da última terça-feira (23), na qual a Secretaria de Obras do município derrubou a parede de um edifício com pessoas dentro e deixou três feridos. Confira a nota na íntegra.


Rede Nossa São Paulo repudia ação da Prefeitura na Cracolândia nesta terça-feira
É com espanto e indignação que recebemos, no início da tarde de hoje, a informação de que uma ação da Prefeitura Municipal de São Paulo na região central da cidade conhecida como Cracolândia demoliu um prédio com pessoas ainda dentro do imóvel.

As informações até agora divulgadas dão conta de que a demolição de parte do edifício não foi previamente comunicada aos vizinhos e moradores, e que estes não foram devidamente notificados da ação da Prefeitura. Durante a derrubada do imóvel pelo menos três pessoas ficaram feridas. Da mesma forma, as ruas e estabelecimentos do entorno estão sendo interditados com violência, e as informações divulgadas pela imprensa mostram que também os trabalhadores da região foram expulsos de seus comércios e impedidos de tirar seus pertences e equipamentos de trabalho do local. 

Os registros e relatos dessa ação são extremamente graves e configuram flagrante desrespeito à vida, aos direitos humanos e em especial à população que vive e trabalha na região. Demolir um imóvel com pessoas dentro é uma ação desumana e que fere qualquer princípio de convivência e de direitos humanos mundialmente consagrados.

Mais do que um acidente, se confirmadas essas informações, estaremos diante de um ato criminoso cometido pela gestão municipal contra uma população pobre e desprivilegiada que vive em condições indignas e que ocupam as ruas, albergues e pensões precárias na região central da cidade. 

A péssima condição de vida dos moradores da Cracolândia é conhecida há muito tempo e não foi provocada pela atual gestão municipal. Mas, o tratamento dado aos problemas sociais e à população é, sim, de responsabilidade da liderança máxima, o prefeito da cidade.  

Registramos aqui nosso repúdio a qualquer ato de intolerância e agressividade promovidos contra os mais pobres, ainda mais quando a gestão municipal, responsável por promover a inclusão social e a cidadania, está diretamente envolvida nestes atos. Atentar contra a vida e lançar mão da violência para buscar solucionar complexas questões sociais são medidas ineficientes, injustificáveis e inadequadas em qualquer situação. Não se pode tolerar que uma ação governamental tenha promovido tamanha selvageria em nome da “revitalização” da região da Cracolândia e do suposto combate às drogas.

Entendemos ser fundamental a imediata investigação pelo Ministério Público dos fatos ocorridos hoje visando identificar os responsáveis pelos atos e à exigência de medidas de reparação da população atingida. É também importante explicações por parte da Prefeitura Municipal de São Paulo a respeito dessa ação. 

Reforçamos nossa solidariedade aos que foram afetados pela ação da Prefeitura Municipal no dia de hoje e que tiveram seus direitos violados, passando por situações de medo, coerção e humilhação. 

Rede Nossa São Paulo

 

Por Bianca Cesário, do Instituto Ethos

Foto: Agência Estado

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