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As montanhas de riscos associados às cadeias de fornecimento

30/09/2014

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“Problemas de gestão e mão de obra trazidos por parceiros demandam cuidados das corporações”, alerta Marcos Conde, gerente da Intertek.

Condições precárias de trabalho e exploração de mão de obra infantil foram dois dos principais pontos abordados no debate “Riscos: Fragilidades em Cadeias Globais de Suprimentos”, realizado na Conferência Ethos 360°. Ambas as situações, quando associadas a fornecedores de grandes empresas, causam danos de imagem que podem ser irreparáveis.

Lidar com esses riscos é a tarefa de Marcos Conde, gerente de Business Assurance da Intertek. “Somos especializados em minimizar riscos de intercorrências, o que nada mais é do que a interrupção no fornecimento de um produto”, explicou. Tais situações podem ocorrer por motivos diversos. Um dos principais é a quebra de contrato por condições irregulares. “Trabalho infantil é algo que não deveria mais existir, mas infelizmente ainda ocorre, inclusive no Brasil. Tentamos garantir que, entre os fornecedores não existam, por exemplo, empresas que explorem essa mão de obra”, relatou Conde.

Ele lembrou também um incêndio numa fábrica em Bangladesh que matou 120 pessoas, em novembro de 2012. “As empresas que haviam feito pedidos das confecções que lá estavam instaladas ficaram na mão, além de terem sua imagem associada às condições degradantes e inseguras que lá foram encontradas”, informou

Outros riscos apontados por Conde foram as greves e multas. “Este ano, houve uma grande paralisação no Egito que interrompeu a produção têxtil, ocasionando quebra no fornecimento. Em outro caso, uma famosa varejista no Brasil foi autuada em R$ 1 milhão por conta de uma fiscalização em empresas fornecedoras em que foram encontrados 28 bolivianos trabalhando em condições análogas à escravidão”, disse.

Para mitigar esses riscos, o gerente apontou como melhor solução a realização de auditorias que podem ser feitas pela própria empresa compradora ou empresas terceirizadas e especializadas nesse trabalho, como a Intertek. “Um caso bastante interessante é a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), que reúne mais de 8.000 varejistas. A entidade adotou um critério próprio de avaliação dos fornecedores. As auditorias são realizadas por profissionais capacitados que avaliam e habilitam empresas a prestar serviço às organizações filiadas”, contou. Estão na lista negra fatores como trabalho forçado, mão de obra estrangeira irregular, abuso e assédio, além de falta de gestão ambiental, entre outros.

No debate, foi apresentada também a experiência da varejista têxtil C&A. Edmundo Lima, diretor de Relações Institucionais da empresa, relatou que, apesar de a responsabilidade na cadeia de fornecimento ser um dos pilares do compromisso da empresa com a sustentabilidade, ainda existem muitos desafios. “Nossa rede no Brasil é extremamente pulverizada, com vários polos em diversas regiões, e formada predominantemente por micro e pequenas empresas”, disse.

O setor tem grande dificuldade em atrair mão de obra jovem, o que é também um grande obstáculo. “A falta deste tipo de pessoal faz com estas empresas contratem imigrantes, principalmente os ilegais. Existem também deficiências na gestão por serem empresas familiares e pequenas. Por isso, realizamos um trabalho contínuo de ajuda para esses empresários se desenvolverem e darem competitividade ao seu negócio”, explicou Lima.

Esse suporte tem como objetivo diminuir a terceirização. “As empresas repassam a produção para oficinas de costura. Isso cria ineficiências de custo e logística, o que afeta o processo como um todo. Muitas vezes temos o mesmo produto, numa mesma loja, com o mesmo número e tamanhos diferentes. Combatemos isso com consultoria técnica, capacitação para a gestão e monitoramento de toda a cadeia de produção. Estamos também reduzindo o número de fornecedores. Somos associados à ABVTEX e signatários de diversos pactos, como o da erradicação do trabalho escravo”, finalizou.

Veja a cobertura completa do evento em www3.ethos.org.br/ce2014/.

Por Alice Marcondes, da Envolverde, para o Instituto Ethos

Crédito: Osiris Bernardino/Instituto Ethos

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