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Debate alerta para ameaça de desertificação da Região Sudeste

04/06/2014

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Participantes defendem a preservação da Floresta Amazônica e a recuperação das nascentes dos rios, das áreas de mananciais e das matas ciliares.

“Sem a grande Floresta Amazônica, o destino climático de São Paulo é um deserto.” O alerta é de Antônio Donato Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que participou nesta terça-feira (3/6), em São Paulo, do debate “Crise da Água: Desafios e Soluções”.

Ao apresentar dados do estudo “Rios Voadores”, Nobre explicou aos participantes a relação existente entre a cobertura vegetal da Região Norte e o clima do Sudeste. “Temos aqui [no Sudeste] dois fatores de sorte: um chama-se Cordilheira dos Andes e o outro é a Floresta Amazônica”, relatou ele, para, em seguida, complementar: “É por isso que nossa região não é um deserto, como acontece na Namíbia e no Kalahari [regiões desérticas da África situadas na mesma faixa de latitude do Sudeste brasileiro]”.

Para o pesquisador do INPE, o “pesadelo” é que o desmatamento acumulado da Região Amazônica, até 2013, atingiu 779.930 km2. “Isso são as áreas somadas da França e da Alemanha”, comparou. O desmatamento, segundo Nobre, tem provocado o declínio no volume das chuvas constatado nos últimos 32 anos no Sudeste e a sua continuidade poderá provocar a desertificação da região. “A vida no deserto é um pesadelo, e é isso que estamos construindo: um deserto de grande magnitude”, argumentou.

Por fim, ele convocou a sociedade e os governos a agir rapidamente para reverter o processo em curso. “A complacência é nosso pior inimigo. Precisamos de um grande esforço de guerra”, sentenciou.

Promovido por Rede Nossa São Paulo, pelo Programa Cidades Sustentáveis, pelo Instituto Ethos e pelo Instituto Socioambiental (ISA), com o apoio da Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, o debate contou com a participação de outros especialistas sobre o tema.

O tom de alerta para a gravidade da crise da água esteve presente desde a abertura do evento. Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, falou da preocupação com a falta de água e com a forma pouco efetiva com que os governos têm enfrentado o problema.

Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis, considerou a situação muito grave. “Nossa responsabilidade [da sociedade civil] é alertar para tentar evitar desastres maiores. Estamos consumindo mais do que o planeta tem condições de repor”, avaliou.

Apresentações dos debatedores

A situação dos mananciais em São Paulo foi apresentada por Marússia Whately, assessora do Instituto Socioambiental (ISA). “Já tem vários municípios com racionamento de água para que a cidade de São Paulo não passe por esta situação”, informou. Ela denunciou que o entorno do Sistema Cantareira está quase completamente desmatado e apresentou “sugestões para construir um futuro sustentável e seguro para a água na metrópole paulistana”. Entre as propostas estão: adotar o racionamento; qualificar o consumo – doméstico, industrial e para irrigação – e definir prioridades; e recompor a vegetação dos mananciais (começando pelas cabeceiras).

Confira aqui a apresentação Marússia Whately.

Em seguida, Marco Antônio dos Santos, diretor técnico e operacional da Sanasa, empresa municipal de saneamento de Campinas (SP), citou alguns fatores causadores da crise da água.

Clique aqui para ver a apresentação de Marco Antônio dos Santos.

Rodrigo Sanches Garcia, promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial e Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público, abordou as regras legais do sistema hídrico. Segundo ele, desde 1990 foram elaborados quatro planos hídricos e só um virou lei.

Confira a apresentação de Rodrigo Sanches Garcia.

O especialista em recursos hídricos, Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares, que representou a Agência Nacional de Águas (ANA) no debate, apresentou a situação dos recursos hídricos do Brasil.

Veja a apresentação de Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares.

Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, relatou boas práticas de diversas cidades no que se refere à preservação da água. Ele também defendeu a aprovação do Projeto de Lei 792/2007, que cria a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais e prevê um fundo federal para financiar programas de recuperação do meio ambiente.

Ao final do encontro, os participantes puderam fazer perguntas aos debatedores

Manifesto “Por Maior Transparência nas Questões da Água”

Durante o evento, o coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, leu o manifesto “Por Maior Transparência nas Questões da Água”, que ficará aberto a novas adesões por alguns dias e, posteriormente, será encaminhado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O documento propõe, entre outras medidas, a transparência total nos dados para manter a sociedade informada sobre a real condição dos reservatórios e das ações que será necessário adotar, mesmo em caso de chuvas, respondendo as seguintes perguntas: “Qual o impacto do uso do volume morto na qualidade da água e na saúde pública?”; “A solução de usar a capacidade de outros sistemas pode dar conta das necessidades de todos aqueles que dependem das bacias que serão interligadas? E por quanto tempo?”; “Caso o regime de chuvas do próximo verão seja semelhante ao do verão passado, existe algum plano de emergência para a cidade? Esse plano, se existir, não deveria começar a ser adotado desde agora?”.

Confira a íntegra do manifesto e veja como aderir ao documento.

Confira a repercussão do evento na mídia

‘Reação mínima’ de Alckmin para crise d’água provoca irritação (Rede Brasil Atual)

Organizações não governamentais discutem crise do Sistema Cantareira (EBC)

ONGs discutem alternativas para crise do Sistema Cantareira (Terra)

Manifesto pede mudanças na gestão da crise da água (Estadão)

Manifesto pede mudanças na gestão da crise hídrica (Exame)

Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo

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