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É lançado em SP fórum permanente de incentivo à diversidade nas empresas

31/10/2014

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Realizado pela SMPIR e pelo BID, com apoio do Ethos, o Fórum São Paulo Diverso articula empresas, governo e sociedade para promover ações afirmativas nas empresas da capital

“Sonho um dia ver em cargos executivos a mesma proporção de negros e brancos que existe na sociedade brasileira”. Foi assim que Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, começou seu pronunciamento na abertura do Fórum São Paulo Diverso, que aconteceu na última quarta-feira, 29 de outubro, no auditório do Instituto Carrefour.

“Todavia”, continuou ele, “se mantivermos a taxa de crescimento do negro nesses cargos, por exemplo, esse dia chegará apenas daqui a 150 anos”, finalizou, calculando o tempo de acordo com a evolução verificada na inclusão de raça na pesquisa que o Instituto Ethos e o Ibope fizeram entre 2001 e 2010, o “Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas e suas ações afirmativas”. Na última edição, publicada em 2010, o recorte por raça desse “Perfil” mostrava um avanço muito pequeno da participação dos negros, em todos os níveis da hierarquia corporativa. No nível executivo, onde Abrahão sonha ver a mesma proporção, o crescimento foi grande em termos relativos – 100% – mas pequeno em números absolutos: os negros saltaram de 2,6% de participação no topo da pirâmide empresarial para 5,3%. Pelo último censo do IBGE, negros são 50% dos brasileiros e brasileiras.

Foi fazendo cálculos progressivos a partir deste crescimento que Jorge Abrahão chegou ao resultado de 150 anos até a equidade de raça nas empresas brasileiras.

Como se nota por meio de sua projeção, as soluções que estão sendo tomadas atualmente são pouco eficazes para a promoção da equidade em uma sociedade tão heterogênea como a brasileira.

Para agir, em vez de só constatar, é que o Fórum SP Diverso foi pensado: reunir empresas, organizações da sociedade civil e poder público para discutirem ações que possam diminuir as desigualdades não só de raça, mas de gênero e de idade, entre outros recortes, garantindo oportunidades de acordo com as habilidades e competências técnicas de cada um no mercado de trabalho.

Segundo o secretário municipal de promoção da igualdade racial, Antônio da Silva Pinto, “queremos as empresas próximas à Prefeitura para a discussão dessa pauta importantíssima para a sociedade”, ressaltando que esse debate será permanente e outras edições do Fórum serão realizados.

Como a ocasião era propícia, o diretor-presidente do Ethos também anunciou o início de uma nova pesquisa sobre perfil e ações afirmativas das empresas. Desta vez, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cujos recursos permitirão a adoção de uma nova metodologia, mais acurada, e a verificação da composição dos conselhos de administração. Além disso, outra novidade: na primeira edição deste novo estudo, haverá um suplemento especial com o perfil das maiores fornecedoras da Prefeitura de São Paulo e as ações afirmativas que elas adotam para questões de gênero, raça, público LGBT, pessoas com deficiência e menores aprendizes.

Segundo Abrahão “para a resolução do problema, precisamos identificar, mapear o cenário, para saber por onde devemos começar a enfrentá-lo”.

Em sua fala, Abrahão ainda destacou o papel que as empresas podem exercer para mudar esse quadro social, uma vez que são responsáveis por 3 em cada 4 empregos gerados no Brasil.

Abertura do Fórum

Jorge Abrahão esteve ao lado de mais cinco convidados para a abertura do Fórum, que contou ao todo com seis painéis de discussão.

O secretário Silva Pinto buscou sensibilizar as empresas a terem a sua própria política de inclusão social. “Nós não queremos colocar nenhuma empresa numa camisa de força. A ideia é que cada uma crie políticas que caibam em seus negócios”, comentou ele.

O secretário ainda citou a diversidade que existe no futebol. “O que seria do futebol brasileiro sem um Pelé, sem um Garrincha, sem um Ronaldinho Gaúcho, sem um Neymar? Isso acontece porque o futebol dá oportunidade”, argumentou ele. “Muitas vezes, as empresas não se têm atentado que a diversidade garante desempenho. E se as empresas não correrem, vão perder talentos para o setor público”, afirmou Silva Pinto. Isso porque a prefeitura de São Paulo adotou cotas raciais em seus três últimos concursos públicos. Com essa medida, somente no processo para a contratação de procuradores do município, cargo de alta remuneração, o número de negros passou de 3 para 17, em um universo de 500 profissionais.

Ainda no mesmo tema, o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, explicou que a diferença das notas nas primeiras colocações do concurso é muito pequena e que “injustiça é não levar em conta toda a luta histórica dos negros em nossa sociedade”.

Para o prefeito, que mencionou não ter estudado com nenhum negro na Faculdade de Direito da USP, o grande caminho para a promoção da igualdade social é o acesso à educação, desde a creche até a universidade, onde o governo federal também destina vagas reservadas à população negra e a pessoas egressas do ensino público.

Por fim, Haddad mencionou que, além da educação e da inserção no mercado de trabalho, outros dois pontos sobre os quais a sociedade precisa agir são segurança pública, pois jovens negros são as maiores vítimas da violência e da criminalidade; e saúde pública, já que, de acordo com pesquisas do Ministério da Saúde, as mulheres negras são as mais atingidas pela má qualidade do serviço.

O Senado também já aprovou lei que reserva 20% das vagas para negros em concursos públicos federais.

Tangenciando pelo recorte de gênero, Daniela Carrera Marquis, representante do BID, apresentou dados que revelam a mulher negra com o maior índice de desemprego e o menor salário entre os trabalhadores brasileiros. Para ela, esta é “uma realidade que merece mais atenção, pois além do componente de raça, há o componente de gênero”, concluiu.

Completaram a mesa de abertura Luiza Bairros, ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) da Presidência da República; e Liliana Ayalde, embaixadora dos Estados Unidos no Brasil.

Painéis

Ao todo, seis painéis discutiram o tema da diversidade sobre diferentes aspectos: desde o desenvolvimento social e econômico, como o comportamento organizacional das empresas até relatos de sucessos de empreendedorismo e de carreiras, que apenas precisaram de uma oportunidade para se desenvolverem e prosperarem.

Por Marco Aurélio Martins

 

 

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