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Nos EUA, InPacto discute a inclusão de trabalhadores libertos

27/04/2015

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O foco do evento foi promover estratégias inovadoras para a erradicação do trabalho forçado e de outras formas de exploração do trabalhador.  

O Instituto do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPacto), organização apoiada pelo Instituto Ethos, está entre os participantes de duas conferências que fazem parte do evento “Out of the Shadows” (Fora das Sombras), realizado nos Estados Unidos na semana passada. Um dos encontros foi realizado Washington, na quarta-feira (22/4), e o outro, em Los Angeles, na sexta-feira (24/4). O evento foi promovido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos e pela fundação Humanity United.

No encontro de quarta-feira, Mércia Silva, coordenadora executiva do InPacto, participou do painel de discussão sobre como melhorar as condições e os direitos dos trabalhadores. Também fizeram parte dessa mesa de discussão Neidi Dominguez, diretora do Worker Centers & Community Engagement/AFL-CIO, Steve Hitov, do Conselho Geral da Coalition of Immokalee Workers, Saket Soni, diretor executivo da National Guestworker Alliance, e Haeyoung Yoon, vice-diretora de programas do National Employment Law Project.

Em sua apresentação, Mércia Silva ressaltou que a inclusão dos trabalhadores que foram tirados da condição de escravos para uma situação de trabalho digno é um dos desafios para a erradicação do trabalho escravo no Brasil. “Começamos a perceber, no Brasil, que todo o esforço de libertação não era suficiente para erradicar o trabalho escravo. Não erradicávamos e não percebíamos o quanto aquele trabalhador era vulnerável”, avaliou.

Segundo Mércia, essa vulnerabilidade vem dos 400 anos de exploração do trabalho escravo no Brasil. “É mais tempo usando o trabalho escravo do que o remunerado”, explicou. “Não adianta você libertar 1.100 pessoas, mandar todo mundo para casa e, meses depois, encontrar parte dessas pessoas submetidas ao trabalho escravo novamente. Você vai libertar a mesma pessoa de novo? Sim, porque você não deu condições para que ela fosse reinserida no mercado”, exemplificou.

Outra dificuldade apontada por Mércia parte das próprias vítimas, que às vezes estão tão inseridas num contexto de pobreza e exploração que sequer se dão conta que de são exploradas. “Não é fácil para eles reconhecer que passaram a vida sendo tratados desse jeito. Imagine uma pessoa que passou 35 anos em situação de trabalho escravo ou de vulnerabilidade e, depois, em duas horas, recebe a informação de que era escravo e não pode mais continuar trabalhando nessa condição”, ressaltou.

Por esses motivos, Mércia afirmou que é necessário olhar para essas pessoas e pensar na melhoria das condições de trabalho ouvindo o que elas têm a dizer. O mesmo vale para os casos de trabalhadores imigrantes, que têm expectativas e referências diferentes com relação ao trabalho. “O que os bolivianos, por exemplo, querem no Brasil? O que entendem como trabalho? O que entendem como situação digna em nosso país?”, questionou. De acordo com Mércia, este é um dos desafios para o governo brasileiro ao lidar com o tema.

Mércia finalizou afirmando que o InPacto busca empresas que possam apoiar nacionalmente e internacionalmente esses esforços, mesmo que não seja em suas próprias cadeias produtivas. “Já temos também a situação contrária. Há empresas que não apresentam nenhum problema em relação ao trabalho escravo, mas têm o problema da falta de gente para trabalhar. Então essas empresas querem oferecer cursos de qualificação profissional para quem for liberto do trabalho escravo. Entender isso é um passo importante”, concluiu.

O objetivo das conferências “Out of the Shadows” é promover estratégias inovadoras para a erradicação efetiva do trabalho forçado e de outras formas de exploração do trabalho, bem como incentivar a partilha de conhecimentos, experiências e melhores práticas, com foco no Brasil e nos Estados Unidos, além de discutir a relação entre as práticas de exploração do trabalho e trabalho forçado.

Para mais informações (em inglês), acesse o site do evento: http://workerexploitation.org/.

GT de Direitos Humanos

O Grupo de Trabalho de Empresas e Direitos Humanos, um dos GTs de ação coletiva do Instituto Ethos, acompanha os esforços da sociedade para a erradicação do trabalho escravo no Brasil, atuando por meio da influência em políticas públicas e pela recomendação de práticas empresariais socialmente responsáveis. Uma de suas atuações mais recentes foi em favor da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 57A/1999, conhecida como PEC do Trabalho Escravo, que prevê o confisco de propriedades onde for encontrado trabalho escravo e as destina à reforma agrária ou ao uso social urbano.

Fonte: www.inpacto.org.br 

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