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Seminário discute a promoção da igualdade racial no ambiente corporativo

15/05/2015

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Promovido pela Universidade Zumbi dos Palmares, o encontro debateu formas de tornar o meio empresarial mais equânime entre as raças.

No dia 8 de maio, vários representantes de grandes empresas nacionais e internacionais se reuniram no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, para participar do Seminário “Empresas e a Promoção da Igualdade Racial”, uma iniciativa da Universidade Zumbi dos Palmares, com patrocínio do Carrefour, da Coca-Cola Brasil e da PwC, que teve por objetivo discutir formas de tornar o meio empresarial mais equânime entre as raças, possibilitando maiores oportunidades para afrodescendentes, inclusive em cargos de destaque.

“Este é um local emblemático para a Zumbi dos Palmares, pois foi aqui que realizamos o evento de inauguração da universidade. E é aqui, hoje, que vamos debater, construir e abrir os caminhos para a igualdade racial no ambiente corporativo”, disse José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, em sua fala de abertura. “Já tivemos avanços no ambiente governamental e estamos buscando agora uma revolução que precisa atingir a todos. Esperamos que seja o início de outros encontros e que possamos produzir insumos nesta reflexão”, acrescentou.

Reinaldo Bugarelli, da Txai Consultoria e Educação, falou ao público presente sobre a “Iniciativa Empresarial e 10 Compromissos”, abordando sua própria experiência pessoal quanto ao contato com a cultura negra, há 37 anos, quando integrava um grupo de jovens na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. “Graças a esse envolvimento, ganhei uma causa para minha vida: trabalhar a igualdade racial e a diversidade”, confidenciou o palestrante.

Para Bulgarelli, promover a igualdade de oportunidades e a igualdade de tratamento, valorizar a diversidade, enfrentar o racismo e corrigir as desigualdades injustas são algumas das metas a serem trabalhadas nas empresas. “Não há valorização da diversidade sem reconhecimento de que o racismo e o racismo institucional estão presentes. Isso atrapalha muito o enfrentamento dessa questão, pois naturaliza as desigualdades”, explicou.

Para o palestrante, ações afirmativas são a forma de corrigir esses erros e dar vez e voz a todos. Após demonstrar inúmeras razões que justificam a necessidade de as empresas debaterem e implementarem esse tema, Bulgarelli apresentou dados que apontam a situação dos grupos raciais nas empresas, inclusive os levantados pelo Instituto Ethos na pesquisa Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas.

Além da palestra de Bulgarelli, representantes de instituições de renome tomaram o púlpito para expor suas experiências em relação ao tema no painel “Possibilidades e Perspectivas na Promoção da Igualdade Racial”.

“O Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVces), procura dialogar com a sociedade para a produção do questionário do Guia Exame de Empresa Sustentável do Ano e do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&F Bovespa e percebemos que não há uma preocupação com a questão racial, uma pressão para que esse tema faça parte de nossa agenda. As empresas estão mais avançadas na questão de gênero do que na questão racial”, apontou Aron Belinky, coordenador do Programa de Finanças Sustentáveis do GVces.

Para Gláucia Terreo, diretora da Global Reporting Initiative (GRI) no Brasil, falta às empresas mais propriedade sobre o assunto. “Falta disseminar mais essa discussão no meio empresarial, bem como o Estatuto da Igualdade Racial. Só assim poderemos mobilizar as empresas para uma ampla reflexão sobre esse tema”, disse.

Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade do Grupo Carrefour Brasil e diretor do Instituto Carrefour, relatou a experiência do grupo: “Há alguns anos, quando entrávamos no Carrefour parecia que estávamos na Suécia. Com o Instituto Carrefour, resolvemos que iríamos trabalhar com as questões étnicorraciais em três eixos: inclusão de raça, etnia e gênero; educação e conscientização para a não discriminação; e geração de renda. Atuando junto a parceiros, estamos caminhando e nos articulando nesse processo. Digo, por experiência própria, que tratar esse tema dentro das empresas melhora o clima local”.

“O tema da igualdade racial e da diversidade é imprescindível para as empresas que se preocupam com a responsabilidade social. Apesar de iniciativas nesse sentido, a pesquisa que o Instituto Ethos tem desenvolvido com as 500 maiores empresas do país revela um estado de coma quanto à questão racial. Se continuarmos assim, levaremos mais um século para alcançar a equidade nesse aspecto”, avaliou Caio Magri, diretor executivo do Instituto Ethos.

Durante o evento, Paulo Pianez leu e explicou o Manifesto da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial.

Para encerrar Giovanni Harvey, secretário executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), deu sugestões de como as empresas podem integrar-se num movimento pela promoção da igualdade racial. “A promoção da diversidade não é um ato de boa vontade. Sugiro como prioridade as iniciativas das empresas e instituições. As que não se adaptarem estarão perdendo o bonde da história”, afirmou Harvey.

O próximo passo será criar uma plataforma para articular esforços e compartilhar aprendizados.

Por Rejane Romano, da Afrobrás

Foto 1: Aron Belinky, do GVces, Gláucia Terreo, da GRI, Paulo Pianez, do Carrefour, e Caio Magri, do Instituto Ethos.
Foto 2: Reinaldo Bugarelli, da Txai Consultoria e Educação, e José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares.

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