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Profissionais com deficiência querem participar das decisões sobre inclusão nas empresas

Em pesquisa, entrevistados respondem que os principais pontos a melhorar são o crescimento na carreira e o preparo de gestores e equipes para a diversidade

11/04/2017

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Menos de 1% das 43 milhões de pessoas com deficiência estão empregadas no Brasil. Em consequência deste baixo percentual, há uma atuação conjunta por parte de redes de empresas, instituições públicas e privadas, famílias e pessoas com deficiência, para que seja cumprida a Lei 8.213, de 1991, que estabelece percentuais de contratação de pessoas com deficiência de 2 a 5% para empresas com mais de 100 empregados.

Mesmo com o percentual muito pequeno, em volume ele representa quase 400 mil pessoas com deficiência empregadas formalmente, este público começa a desenhar uma tendência dentro das empresas que já incorporaram a inclusão em sua cultura organizacional: a demanda pelo protagonismo, cidadania e participação nas decisões que dizem respeito as suas carreiras e direitos e deveres.

No mês de março deste ano realizamos uma pesquisa informal, respondida por funcionários de empresas integrantes da Rede Empresarial de Inclusão Social, cujos resultados foram apresentados no dia 31, no 26º Encontro da Rede Empresarial de Inclusão Social. O encontro teve como tema o Protagonismo e Cidadania da pessoa com deficiência. A pesquisa foi elaborada para a introdução de trabalhos que serão realizados em parcerias entre a Rede, o Instituto Ethos e a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência.

Cerca de 160 pessoas, a maioria com alguma deficiência, participaram ativamente das atividades propostas no encontro. O Instituto Ethos conduziu uma oficina para identificação dos desafios e oportunidades, dentro das empresas, para a promoção da inclusão, com o objetivo de levantar subsídios para a construção do Guia Temático de Inclusão das Pessoas com Deficiência.

A pesquisa foi respondida por 103 profissionais com deficiência. Uma das questões abordou a participação em eventos e movimentos de inclusão realizados dentro das empresas. O resultado foi que o percentual de participação destes profissionais em movimentos de inclusão foi de 55%, sendo que 45% responderam que não participam ou nunca participaram. Ao serem convidados a justificar sua resposta, 64% afirmaram que não participam por de “falta de oportunidade/disponibilidade/tempo” e 36% porque “não fui informado/não fui convidado”. Dos que participam, 15% vão à “Fóruns e sindicatos” e 13,5% em reuniões de “Conselhos Municipal/Estadual/Federal dos direitos da pessoa com deficiência”. 17% responderam que “nunca participaram mas gostariam de participar”, e outros 3% disseram que “nunca participaram e não gostariam de participar”.

A adesão às iniciativas dentro das empresas indica que os espaço de diálogo e formação, no ambiente corporativo, contribui para a conscientização de que as pessoas com deficiência podem atuar como agentes da mudança, de forma coletiva, nas decisões sobre acessibilidade e questões relevantes à inclusão. Dos 55% que participam de movimentos, 53% participam de “palestras ou cursos promovidos por organizações sociais”, seguidos de 29% que integram “comitês e grupos de sua empresa” e 27% que vão aos encontros da Rede Empresarial de Inclusão Social.

Perguntados também sobre a sua satisfação com os programas de inclusão das empresas onde trabalham, 79% deu nota entre 8 e 10 (sendo que 10, a nota máxima, foi atribuída por 43%). Quando questionados a apontar os pontos fortes de suas empresas no quesito da inclusão, apontaram a “acessibilidade” e “boa política de inclusão” como os pontos mais relevantes, seguidos de “respeito” e “cuidado com o bem-estar”. Nos aspectos a melhorar, em primeiro lugar aparece “crescimento na carreira” e “preparo do gestor/equipe para lidar com a diversidade”, seguidos de “acessibilidade” e “ouvir as pessoas com deficiência”.

O conjunto de respostas indica que, após a conquista do trabalho, do emprego e da renda, as pessoas com deficiência se mobilizam para ter oportunidades iguais a dos demais empregados, o que é legítimo e salutar para a sociedade e para as companhias que os empregam. Esta ambição pode, inclusive, contribuir muito para que esses profissionais busquem se diferenciar, assim como qualquer outro trabalhador o faz, por meio da qualidade e comprometimento, de novas capacitações, conhecimentos e habilidades, o que leva ao seu melhor desempenho e entrega, contrapondo argumentos comuns por parte dos empregadores sobre a dificuldade de encontrar pessoas preparadas e produtivas para as vagas disponíveis.

Embora o número de contratações esteja aquém do estabelecido por Lei (cerca de 30% do total de vagas previstas para a cota), e o despreparo de gestores – refletindo o da sociedade – ainda é uma barreira para a entrada de milhares de pessoas com deficiência que querem – e têm – o direito ao trabalho, é animador perceber que este grupo que já conquistou seu espaço de autonomia, agora quer direcionar sua carreira e alçar novos voos. O encontro do dia 31 de março fortaleceu a convicção de que, somente juntos em diversos setores e com a participação ativa das pessoas com deficiência, conseguiremos promover a equidade em uma sociedade onde os diferentes serão considerados (e não discriminados) por suas potencialidades.

Por Ivone Santana
Ivone é consultora de inclusão social e sustentabilidade, membro do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social e da Rede de Consultores Uniethos, integrante do Grupo de Igualdade Racial da ONG Mulheres do Brasil e fundadora do Instituto Modo Parités

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