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Relatando as atividades sustentáveis das PME

04/06/2014

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As médias, pequenas e microempresas devem começar a pensar no tema da sustentabilidade para conseguir fazer negócios com as grandes companhias.

Por Marcus Nakagawa*

As atividades relacionadas à sustentabilidade estão se tornando cada vez mais estratégicas para as grandes empresas e as multinacionais. Essas companhias, que possuem produtos e serviços que podem ser acessados em vários outros países, preocupam-se sistematicamente com seus fornecedores locais – grandes, médias e pequenas empresas –, no que se refere às regras mundiais de trabalho decente, de proteção ao meio ambiente, de conduta ética e de gestão transparente, entre outras.

Para certificar-se de que seus fornecedores estão cumprindo as normas de compliance, as empresas criam indicadores, auditorias, linhas de denúncia para questões éticas, mantêm equipes dedicadas à gestão dos fornecedores e de outros públicos de interesse, enfim, várias atividades que fazem o controle e o engajamento dos seus stakeholders. Envolver-se com esses públicos é um fator essencial nos dias de hoje, pois, quanto mais as empresas entenderem sua cadeia produtiva e esses grupos organizacionais de relacionamento, mais elas poderão agregar valor aos seus serviços e produtos.

Uma das formas de essas grandes empresas demonstrarem as atividades que vêm realizando em sustentabilidade e o quanto estão se envolvendo com os seus stakeholders é a produção de um relatório de sustentabilidade. Como mostra a “Pesquisa Internacional sobre Relatórios de Responsabilidade Corporativa 2013”, da KPMG, dentre as 100 maiores empresas em cada um dos 41 países pesquisados, ou seja, as 4.100 principais empresas no mundo, quase três quartos (71%) relatam suas práticas em favor do desenvolvimento sustentável num documento sobre o tema. Trata-se de um aumento de sete pontos percentuais em relação ao início dessa mensuração, em 2011. As empresas no Brasil também estão entre as que relatam esse tipo de atividade, com um índice de 78% das 100 maiores empresas.

A prática de relato não é somente a produção de um bonito livro com fotos da empresa, que vai ficar na estante dos diretores e vice-presidentes. Ela serve também como uma ferramenta de diagnóstico de trabalho, pois, no momento em que se busca a informação para rechear o documento, a avaliação é desenvolvida. Ou seja, nesse momento, descobre-se o que a empresa está fazendo, o que gostaria de fazer, o que não está fazendo e o que está errado.

No conteúdo do relatório, entram temas institucionais da empresa, tais como estratégia, risco e oportunidades; as questões de materialidade; metas e indicadores sociais, ambientais e econômicos; os fornecedores, a cadeia de valor e os outros stakeholders; o engajamento desses públicos de interesse; como funciona a governança corporativa; e como é a transparência e o equilíbrio. O modelo que a maioria dessas empresas utiliza são as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI). No Brasil, segundo a pesquisa da KPMG, 91% das empresas utilizam essa metodologia, o que nos deixa em quarto lugar no ranking mundial de utilização dessas diretrizes, ao lado da Suécia e do Chile.

E quanto às pequenas, médias e microempresas? Elas também podem ter o seu relatório de sustentabilidade?

Cada vez mais é necessário que essas empresas comecem a pensar no tema da sustentabilidade para que consigam fazer negócios com as grandes companhias.

Para que a implementação das atividades chegue a um relatório completo como o que megaempresas fazem, será um pouco mais difícil. Porém, se utilizarem a metodologia de verificação e avaliação dos indicadores, já terão um bom começo. Outro ponto interessante para as PME é utilizar essa ferramenta de comunicação das grandes empresas como um modo de entender os negócios, as diretrizes, a forma como as grandes companhias fazem os seus processos e como tratam os seus públicos de interesse.

Quem sabe numa análise mais profunda a sua PME não consegue descobrir uma necessidade de serviço ou produto que a grande empresa tem e com isso tornar-se mais um fornecedor dela?

* Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM, idealizador e presidente do Conselho Deliberativo da Abraps e palestrante sobre sustentabilidade e estilo de vida.

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Este texto faz parte da série de artigos de especialistas promovida pelo Instituto Ethos com o objetivo de subsidiar e estimular as boas práticas de gestão.

Veja também:
– A promoção da igualdade racial pelas empresas, de Reinaldo Bulgarelli;
– Relacionamento com partes interessadas, de Regi Magalhães;
– Usar o poder dos negócios para resolver problemas socioambientais, de Ricardo Abramovay;
– As empresas e o combate à corrupção, de Henrique Lian;
– Incorporação dos princípios da responsabilidade social, de Vivian Smith;
– O princípio da transparência no contexto da governança corporativa, de Lélio Lauretti;
– Empresas e comunidades rumo ao futuro, de Cláudio Boechat;
– O capital natural, de Roberto Strumpf;
– Luzes da ribalta: a lenta evolução para a transparência financeira, de Ladislau Dowbor;
– Painel de stakeholders: uma abordagem de engajamento versátil e estruturada, de Antônio Carlos Carneiro de Albuquerque e Cyrille Bellier;
– Como nasce a ética?, de Leonardo Boff;
– As empresas e o desafio do combate ao trabalho escravo, de Juliana Gomes Ramalho Monteiro e Mariana de Castro Abreu;
– Equidade de gênero nas empresas: por uma economia mais inteligente e por direito, de Camila Morsch;
– PL n° 6.826/10 pode alterar cenário de combate à corrupção no Brasil, de Bruno Maeda e Carlos Ayres;
– Engajamento: o caminho para relações do trabalho sustentáveis, de Marcelo Lomelino;
– Sustentabilidade na cadeia de valor, de Cristina Fedato;
– Métodos para integrar a responsabilidade social na gestão, de Jorge Emanuel Reis Cajazeira e José Carlos Barbieri;
– Generosidade: o quarto elemento do triple bottom line, de Rogério Ruschel;
– O que mudou na sustentabilidade das empresas, de Dal Marcondes;
– Responsabilidade social empresarial e sustentabilidade para a gestão empresarial, de Fernanda Gabriela Borger;
– Os Dez Mandamentos da empresa responsável, de Rogério Ruschel;
– O RH como alavanca da estratégia sustentável, de Aileen Ionescu-Somers;
– 
Marcas globais avançam na gestão de resíduos sólidos, de Ricardo Abramovay;
– Inclusão e diversidade, de Reinaldo Bulgarelli;
– Da visão de risco para a de oportunidade, de Ricardo Voltolini;
– Medindo o bem-estar das pessoas, de Marina Grossi;
– A quantas andam os Objetivos do Milênio, de Regina Scharf;
– Igualdade de gênero: realidade ou miragem?, de Regina Madalozzo e Luis Cirihal;
– Interiorização do Desenvolvimento: IDH Municipal 2013, de Ladislau Dowbor;
– Racismo ambiental: derivação de um problema histórico, de Nelson Inocêncio;
– Procuram-se líderes da sustentabilidade, de Marina Grossi e Marcos Bicudo;
– Relato integrado: evolução da comunicação de resultados, de Álvaro Almeida;
– A persistência das desigualdades raciais no mundo empresarial, de Pedro Jaime;
– A agropecuária e as emissões de gases de efeito estufa, de Marina Piatto, Maurício Voivodic e Luís Fernando Guedes Pinto;
– Gestão de impactos sociais nos empreendimentos: riscos e oportunidades, de Fábio Risério, Sérgio Avelar e Viviane Freitas;
– Micro e pequenas empresas mais sustentáveis. É possível?, de Marcus Nakagawa;
– Executivos negros e movimento antirracista no Brasil, de Pedro Jaime;
– Lixo: marchas e contramarchas de um debate fundamental, de Maurício Waldman;
– Contribuições da certificação socioambiental para a sustentabilidade da citricultura brasileira, de Por Luís Fernando Guedes Pinto, Daniella Macedo, Alessandro Rodrigues e Eduardo Augusto Girardi;
– Entre o 2 e o 3, existe o 2,5, de Rafael Morais Chiaravalloti;
– Trabalho longe de casa, de Marina Loyola;
– Desigualdades raciais e de gênero e ações afirmativas no Brasil, de Pedro Jaime;
– A ilusão da igualdade, de Carol Nunes;
– Tributação de pequenas empresas e desenvolvimento, de Bernard Appy;
– Gestão dos recursos hídricos, um problema constante, de Martim Afonso Penna;
– A gestão que gera lucratividade sustentável, de Roberto Araújo;
– Crise de sentido versus o futuro das organizações, de Susana Falchi;
O agora já é muito tarde nas redes sociais, de Wilson Bueno;
Dois pelo preço de um, de Achim Steiner e Kuntoro Mangkusubroto;
Fim da publicidade infantil: marco histórico para a infância brasileira, de Isabella Henriques;
RH deve estar atento para a “ética flexível”, de Susana Falchi; e
Conselheiro não é para dar conselho, de Telmo Schloeder.

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