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CONFERÊNCIA ETHOS

“As bolhas são construídas para que a gente fique o máximo de tempo nelas”

16/10/2017

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Painel da Conferência Ethos em SP aborda as novas formas de comunicação e os respectivos efeitos colaterais

As profundas transformações na forma como as pessoas se comunicam, que geram processos de bolhas e polarização foram questões debatidas no painel “Democracia, representatividade e comunicação: para além das bolhas…”, realizado durante a Conferência Ethos 360º em São Paulo. Alvaro Machado Dias, neurocientista computacional e professor livre-docente da Universidade Federal de São Paulo; Rafael de Almeida Evangelista, professor e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp; Raquel Recuero, professora e pesquisadora do PPGL/UFPEL e do PPGCOM/UFRGS, coordenadora do MIDIARS (Laboratório de estudos em Mídia, Discurso e Análise de Redes Sociais) e pesquisadora do CNPq; e Paula Oda, coordenadora de projetos e políticas públicas do Instituto Ethos participaram do diálogo.

Como mediadora, Paula suscitou que o objetivo do encontro seria uma análise propositiva sobre a questão. A velocidade que as informações circulam entre as pessoas, os novos mecanismos de comunicação, o uso de algoritmos e as fake news foram questões observadas pelos integrantes da mesa de discussões.

O neurocientista computacional fez uma reflexão sobre o ponto de vista biocomputacional e a perspectiva de que “os atuais processos de comunicação propiciam tendências repetitivas, ou seja, que algo que já está sendo feito acaba por ser reproduzido”. No entanto, Alvaro faz uma diferente avaliação sobre a questão: “Apesar de ser algo convencionado por grande parte, eu discordo. Há o exemplo de ratos de laboratório que mesmo estimulados a agir de uma certa forma exploram outras possibilidades. Do ponto de vista humano, se de um lado temos as bolhas, de outro temos o princípio básico da marginalização. Em outras palavras, as pessoas se cansam deste processo”, avalia.

Como provocação, a mediadora sinalizou aos palestrantes a necessidade de romper as barreiras da polarização, sobretudo no período eleitoral. Raquel Recuero, falou acerca desta situação. “As pessoas acreditam que tudo que está na internet é verdade. Isto as leva a reproduzir inverdades, o que é muito grave. Em 2018 teremos eleições e deveremos estar atentos ao efeito das notícias falsas nos semeios da comunicação”, pontuou.

A professora explicou sobre as “fazendas de robôs” que produzem notícias e vão espalhando inverdades para desacreditar veículos, políticos e situações. “Como lidar com informações falsas? Não temos uma resposta exata, mas sim elementos sobre como pensar a este respeito. Um destes elementos é a curadoria da informação, a verificação do que é realmente verdade”, destacou.

Como forma de resgatar os diálogos e desconstruir o processo de polarização e de formação das bolhas de informação o professor e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp evidenciou sobre o porquê da existência das bolhas em comunicação. “Lidamos com mídias sociais que têm um plano de negócio e precisam dar lucro. As ferramentas são criadas para que a gente passe o máximo de tempo as utilizando. Isto é a fonte de alimentação das redes e as bolhas são construídas para que a gente fique o máximo de tempo nelas”, disse Rafael.

Assim como em outras estruturas, como por exemplo os cassinos, onde até a música é pensada para prender ao máximo os clientes no local, as estratégias do capitalismo na internet são de vigilância. “As empresas coletam o máximo de informação para vender anúncios personalizados e para prever ações das pessoas e estabelecer estratégias de vendas. Houve uma distorção proposital das redes sociais”, concluiu o pesquisador.

 

Por Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Clóvis Fabiano e Kleber Marques

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