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A conscientização sobre as mudanças climáticas deve culminar em adoção de medidas

16/03/2018

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Andrea Santos, secretária executiva do (PBMC) aborda principais atitudes empresariais para mitigar riscos


Dia 16 de março é o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Um dia que, a priori, nos leva a reflexão: quão grave são e podem ainda se intensificar as condições climáticas que vêm sofrendo com os impactos do aquecimento global?

Andrea Santos, secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) explica os pormenores da questão. Desde os setores que serão mais afetados caso o atual cenário se acentue, sobre o quanto a informação é essencial para adoção de medidas e por fim, como as empresas podem e devem se envolver no movimento que, em suma, busca preservar a vida.

Ethos: A informação é o principal agente para a conscientização de formuladores de políticas públicas e da sociedade em geral quanto as complicações advindas das mudanças climáticas? Se sim, por que?
Andrea Santos: A informação é fundamental para conhecer o problema, assim espera-se que a partir daí haja uma conscientização da sociedade em geral e dos tomadores de decisão sobre a problemática das mudanças climáticas. Somente conhecendo o que são mudanças climáticas, qual a contribuição humana para o agravamento do aquecimento do planeta e quais as possíveis implicações disso para as cidades, as sociedades, os ecossistemas, etc., é que será possível fomentar estudos para suprir lacunas nas áreas do conhecimento sobre mudança do clima, elaborar políticas, planejar e agir para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (responsáveis pela ampliação do aquecimento global) e adaptar, ou seja, promover medidas de adaptação no nível local, nacional e global.

Ethos: Por que o tema de adaptação no Brasil é tão importante e o que já foi feito nesse sentido?
Andrea Santos: Sabemos que o Brasil é um país de dimensões continentais, diversificado e com muitas fragilidades sociais, econômicas e ambientais, que podem ser exacerbadas com o prosseguimento do aquecimento do planeta. A mudança climática, causada pelo aquecimento global, é caracterizada pela ocorrência de eventos climáticos extremos como fortes chuvas, tempestades e inundações, ondas de calor e períodos de secas extremas. Na ocorrência destes eventos muitos poderão ser os impactos nas diversas regiões do país, o que inclui perda de vidas.  Os possíveis impactos dessas mudanças deverão ocorrer em diferentes escalas, de acordo com as características específicas de cada região. O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas e o tema adaptação é urgente. Nesse sentido, o país criou um grupo de trabalho de adaptação no âmbito nacional e elaborou um Plano Nacional de Adaptação (PNA).

“O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas
e o tema adaptação é urgente”

Outra iniciativa interessante é a Plataforma de conhecimento em adaptação (AdaptaClima). Considerando que o tema adaptação é recente, se comparada à agenda de mitigação em mudanças climáticas, tanto internacionalmente, como nacionalmente, muitos são os desafios para avançarmos. Ainda observo problemas conceituais sobre o que realmente é adaptação, e muitas vezes ações são implementadas em alguns setores e não são contabilizadas como tal.

Ethos: O que o PBMC vem fazendo no Brasil quanto a essa temática?
Andrea Santos: Assim como no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) vem atuando na comunicação e publicização sobre mudança do clima com a elaboração de relatórios técnico-científicos. O papel do PBMC é reunir, sintetizar e avaliar informações científicas sobre os aspectos relevantes das mudanças climáticas no Brasil. O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional contou com 3 volumes: o volume 1 sobre a base da ciência das mudanças climáticas, o que inclui os cenários e as projeções sobre mudanças climáticas; o volume 2 sobre o conhecimento dos impactos, vulnerabilidades e adaptação; e o volume 3 tratou da mitigação das mudanças climáticas. Além dos Relatórios de Avaliação o PBMC elaborou relatórios especiais sobre temas específicos e sumários para tomadores de decisão. Os relatórios são divulgados e lançados em eventos públicos, e são disponibilizados no website do PBMC para consulta.

Ethos: Quais os setores mais vulneráveis as mudanças climáticas?
Andrea Santos: No Brasil, todos os setores são vulneráveis às mudanças climáticas. Contudo, a literatura sobre mudança do clima afirma que os setores de energia e transportes estão entre os mais vulneráveis. As mudanças climáticas poderão afetar os sistemas de transporte, impedindo potencialmente a mobilidade urbana, com consequência para o crescimento da economia e qualidade de vida das populações. Outros setores como agricultura e indústria também são bastante vulneráveis. O custo da inação pode impactar os diversos segmentos da indústria brasileira, podendo ser mais alto que o custo de se implementarem medidas adaptativas às mudanças climáticas. Contudo, é fundamental ampliar os estudos sobre o conhecimento das vulnerabilidades de cada setor, e mapeamentos de áreas de riscos para se estabelecer os planos de prevenção, principalmente para as áreas mais vulneráveis aos eventos climáticos extremos.

“O custo da inação pode impactar os diversos segmentos
da indústria brasileira,  podendo ser mais alto que o custo de se
implementarem medidas adaptativas às mudanças climáticas”

Ethos: Qual o papel das empresas na problemática de adaptação?
Andrea Santos: É importante o engajamento das empresas em iniciativas voltadas para a promoção do conhecimento sobre mudança do clima, como por exemplo, apoio a estudos, pesquisas e projetos. O setor empresarial deve atuar junto aos demais atores chave na discussão sobre políticas públicas e subsidiar a tomada de decisão adequada para a questão de clima pelo poder público, além de contribuir no conhecimento e aporte de recursos.

“O setor empresarial deve atuar junto aos demais atores chave na discussão sobre políticas públicas e subsidiar a tomada de decisão adequada para a questão de clima pelo poder público, além de contribuir no conhecimento e aporte de recursos”.

Em termos de se “fazer o dever de casa” é importante promover medidas de mitigação da mudança do clima nos seus negócios, além de estimular os setores para uma transição de baixo carbono. Buscar conhecer as vulnerabilidades e os riscos associados à mudança do clima e desastres, seja no modelo de negócio, nas áreas onde as empresas possuem instalações, comunidade do entorno, e promover medidas de adaptação.

 

Iniciativas de fortalecimento da adaptação à mudança do clima promovidas pelo Instituto Ethos


O Fórum Clima, grupo de empresas engajadas com a temática de mudança do clima, assinou a Carta Aberta se comprometendo a promover a redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil e também a se adaptar aos seus impactos. Desde 2016, o grupo tem se engajado nessa última temática pois entende a importância e relevância desse tema, frente às consequências que o mesmo pode trazer para todas as populações.

As ações envolvem o lançamento da publicação “Financiamento climático para adaptação no Brasil: mapeamento de fundos nacionais e internacionais”, lançada na Conferência Ethos de 2017; o lançamento do Guia Temático de Mudança do Clima, também divulgado no mesmo evento e a realização de diversas iniciativas, tais como reuniões de trabalho, publicação de notícias e artigos e estabelecimento de parcerias para fortalecer o engajamento nessa temática. Parcerias que incluem o Ministério do Meio Ambiente, o WWF-Brasil, o World Resources Institute e a FGV (GVces).

Em 2018, o Fórum Clima do Ethos fortaleceu a sua parceria com a Iniciativa Empresarial em Clima para ampliar o debate sobre adaptação no Brasil com ainda mais atores. Além de uma série de webinars que estão sendo realizados, em 2018 já iniciamos atividades focando em duas frentes principalmente: o fortalecimento da aplicação da ferramenta AdaptaClima, sobretudo pelo setor empresarial e a melhor compreensão sobre os cenários climáticos por parte da sociedade brasileira. Fiquem atentos ao nosso site para acompanhar e participar de tais iniciativas! A IEC é composta pelas organizações Instituto Ethos, GVces, CEBDS, CDP, Pacto Global, Envolverde e Neomondo.

 

Por Rejane Romano, do Instituto Ethos

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