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Em 37 distritos da cidade o acervo de livros infanto-juvenis é igual a zero

25/10/2017

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Novo Mapa da Desigualdade, divulgado pela Rede Nossa São Paulo, revela também que 53 – dos 96 distritos da capital paulista – não têm centros culturais

Os dados do novo Mapa da Desigualdade da Cidade de São Paulo revelam que a capital paulista está longe de acabar com os “zeros” em equipamentos públicos que persistem nas regiões socialmente mais vulneráveis.

Divulgado nesta terça-feira (24/10) pela Rede Nossa São Paulo, o levantamento revela que 37 distritos – dos 96 existentes na cidade – têm indicador igual a zero para acervo de livros infanto-juvenis. Ou seja, não dispõem de um único livro para atender essa faixa etária em que o estímulo à leitura é fundamental.

Outro dado divulgado e que impacta negativamente na formação de crianças, adolescente e jovens é o de “centros culturais, espaços e casas de cultura”. Em 53 distritos de São Paulo o indicador para esse item também é zero. Ou seja, em mais de metade dos distritos da cidade, os moradores não dispõem de nenhum equipamento ou espaço público de cultura.

Além disso, 33 distritos registram zero em “leitos hospitalares” e 37 têm o mesmo indicador (zero) para o “acervo de livros para adultos”.

Esses e outros números que denunciam as enormes diferenças existentes na capital paulista estão disponíveis no novo Mapa da Desigualdade da Cidade de São Paulo.

Evento de divulgação dos dados

Durante o lançamento do Mapa da Desigualdade 2017, que contou com o apoio da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, avaliou que, de forma geral, o problema da desigualdade na cidade está estagnado.

“Publicamos esse levantamento desde 2012 e, ao divulgarmos os dados atualizados, constatamos que as políticas dos governos não têm conseguido enfrentar esse problema”, constatou ele, antes de complementar: “Não há uma mudança estrutural e significante nesse período”.

Após a apresentação do novo Mapa da Desigualdade, feita pelo coordenador de Projetos da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio, ocorreu o debate “Caminhos para a redução das desigualdades: a realidade por trás dos dados”.

José Luiz Adeve, o Cometa, da Fundação Tide Setúbal, foi um dos debatedores convidados. Segundo ele, a territorialização das informações – uma das características do Mapa da Desigualdade – é uma ferramenta fundamental para a tomada de decisões, como, por exemplo, onde implantar escolas, onde priorizar equipes de médicos e outros equipamentos e serviços públicos.

“As áreas mais vulneráveis têm menos visibilidade e, em geral, não são frequentadas por tomadores de decisões”, ponderou ele.

Outra convidada, a jornalista do coletivo Nós, Mulheres da Periferia, Lívia Lima, afirmou que os dados apresentados são importantes e reforçam algumas lutas dos moradores das regiões mais vulneráveis da cidade. Porém, ela destacou que é preciso também ouvir as pessoas.

“Temos que construir juntos, coletivamente, para que todos sejam sujeitos e protagonistas nesse processo [de redução das desigualdades]”, propôs Lívia.

Rafael Georges, da Oxfam Brasil, apontou uma das alternativas para se reduzir as desigualdades na cidade e no país: alterar o sistema tributário para cobrar mais de quem tem mais para pagar. “É preciso aumentar a progressividade dos impostos e redistribuir esses recursos arrecadados em forma de equipamentos e serviços públicos para quem mais precisa”, defendeu ele.

Na segunda parte do debate, os participantes que lotaram o auditório da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) puderam apresentar questões e opiniões aos debatedores.

Entre os que compareceram ao evento estavam Oded Grajew, conselheiro da Rede Nossa São Paulo, a professora Ermínia Maricato, o vereador Toninho Vespoli e o deputado estadual Carlos Bezerra.

 

Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo

Foto: Roberto Casimiro – Fotoarena

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